De acordo com o Comité Nobel, os três laureados são responsáveis pela criação de uma nova arquitectura molecular, composta por iões metálicos e moléculas orgânicas organizados em cristais porosos com grandes cavidades internas.
Essas estruturas metalorgânicas (MOF) permitem o fluxo e armazenamento de gases e substâncias químicas, podendo ser aplicadas em diversas áreas, desde a captura de dióxido de carbono até à descontaminação ambiental e produção de energia limpa.
O presidente do Comité Nobel de Química, Heiner Linque, destacou o “enorme potencial” das MOF, afirmando que “trazem oportunidades antes inimagináveis para a criação de materiais personalizados com novas funções”.
As descobertas que culminaram neste avanço científico começaram em 1989, quando Richard Robson criou os primeiros cristais porosos combinando iões de cobre com moléculas de quatro braços. Contudo, a estrutura era instável. Anos depois, Susumu Kitagawa e Omar Yaghi conseguiram estabilizar e aperfeiçoar o método, tornando as MOF flexíveis, resistentes e altamente funcionais.
Entre 1992 e 2003, os três cientistas realizaram uma série de descobertas que abriram caminho à criação de dezenas de milhares de diferentes MOF, muitas das quais hoje são estudadas para capturar “químicos eternos” (PFAS) e filtrar poluentes tóxicos da água.
As PFAS, compostos sintéticos presentes em têxteis, panelas antiaderentes e embalagens de alimentos, são altamente persistentes no ambiente e no corpo humano, estando associadas a danos hepáticos e outros riscos à saúde.
A Real Academia Sueca sublinhou que esta descoberta pode ajudar a resolver grandes desafios ambientais globais, desde a crise climática à falta de água potável.
Contexto dos Prémios Nobel:
A temporada dos Prémios Nobel 2025 começou com o anúncio dos vencedores em Medicina, Física e Química, seguindo-se, ainda este mês, as distinções em Literatura, Paz e Economia.
Os vencedores receberão um diploma, uma medalha de ouro e um prémio monetário de 11 milhões de coroas suecas (mais de mil milhões de kwanzas). A cerimónia de entrega ocorrerá a 10 de Dezembro, data que assinala o aniversário da morte de Alfred Nobel, inventor da dinamite e criador da distinção em 1895.
Desde 1901, o Prémio Nobel já homenageou 1.009 agraciados, entre pessoas e organizações, mas continua a enfrentar críticas pela baixa representatividade de género e racial, com apenas 65 mulheres e 17 pessoas negras entre os laureados.