Em maio, a província moçambicana de Cabo Delgado registrou o maior aumento de violência armada desde junho de 2022, afetando mais de 134 mil pessoas e resultando em 61 incidentes de segurança, segundo um relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Do total de ocorrências, 38 foram ataques a civis, incluindo assassinatos, decapitações e ao menos 45 raptos, principalmente de crianças.
A insurgência, que afeta a região desde 2017, também se expandiu para a província vizinha de Niassa, onde ataques recentes causaram duas mortes. A ONU destaca que a insegurança comprometeu serviços essenciais, forçando a suspensão de atendimentos de saúde e o fechamento de escolas em diversas localidades.
Além do impacto direto da violência, cresceram as tensões sociais entre deslocados internos e comunidades de acolhimento, com restrições ao registro de refugiados e instruções para conter sua chegada à força. A insatisfação com a distribuição de ajuda humanitária levou ao saque de mantimentos e caminhões em várias regiões, e ameaças constantes levaram algumas organizações internacionais a suspender operações e deslocar funcionários.
Segundo o Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), vinculado ao Departamento de Defesa dos EUA, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques extremistas no norte de Moçambique em 2024, um aumento de 36% em relação ao ano anterior.
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